segunda-feira, 29 de agosto de 2011

aula 2, do dia 24 de agosto

Eis a aula transcrita pela colega Angélica Beatriz.

Tópicos Especiais em Artes Cênicas.

Anotações da aula em 24/08/11

A primeira parte da aula (14h ás 16h) será na sala Bt-16, depois (16h ás 18h) será na B1-16.

O prof. Dr. Marcus Mota informou sobre a impossibilidade da presença do prof. Dr. Hugo Rodas.

Sugeriu que cada aluno comece um blog para registrar o seu processo criativo. Incentivou a escrevermos sobre as idéias, sobre os materiais utilizados, postar fotos dos ensaios, entre outras observações, como um diário de bordo on-line.

Comentou sobre essa prática de anotação de processo criativo. Mencionou Stanislavski que tinha em seus cadernos todas as suas experiências sistematizadas.

Discutiu-se sobre a mudança que aconteceu do século XIX para o século XX. Antes os artistas faziam e outros comentam suas obras. Depois, os artistas passaram a falar de seus processos criativos, se explicitaram. Hoje os artistas têm a dupla função de fazer e de discorrer sobre, como acontecerá na disciplina. Luigi Pareyson, que está na bibliografia, aborda o assunto. Hoje temos também o paradoxo do artista pesquisador.

Sobre a crítica genética vimos que surgiu da música, com as análises dos processos manuscritos de Beethoven e só foi aplicada no teatro no final dos anos 90. Comentou-se sobre os poucos registros dos processos performáticos, e da crescente necessidade de escrever, fotografar, registrar, documentar os processos.

Sobre tralho em grupo discutiu-se sobre gerir um grupo. Saber selecionar bem os artistas, aproveitar a criatividade de todos, propor, testar e re-testar até chegar ao que irá fazer, em um consenso. Ter a liderança para identificar como orientar as decisões.

A seguir, realizou-se uma apresentação de toda a bibliografia.

De Mais, D. – Sobre trabalhos criativos em grupo.

Galizia, R. Analisa o processo criativo de Robert Wilson. Primeiro livro em língua portuguesa que aborda coerentemente o processo criativo.

Também foram sugeridos os livros: “Uma teoria da adaptação”, de Linda Hutcheon. Sobre apropriação de materiais, ultrapassa a idéia de original e cópia.

E o livro: “Parodia, Paráfrase E Cia”, de Affonso Romano De Sant’Anna.

Fala sobre as teorias de aproximação e afastamento do material prévio. Pode-se buscar a maior proximidade com o material (paráfrase) ou a paródia (canção paralela) como disputa que não confirma o material prévio, mas amplia.

Seguimos para exposição sobre a necessidade de primeiro entender o material prévio para depois fazer o seu produto. Observou-se que tudo pode servir para processos criativos.

Sobre teoria prof. Dr. Marcus Mota elucidou que o conceito foi mudado por Platão. Era uma peregrinação, as pessoas iam para outra localidade para ver e participar de acontecimentos artísticos, depois voltavam e relatavam a respeito.

A discussão abordou as relações de práxis. Observando que no processo criativo tem que integrar pensar e fazer.

Sobre a criação artística ligada a intuição, ver “Íon” e “Fedro” de Platão, que ironiza o artista considerando que só cria com inspiração.

Aula com prof. Gabriele possivelmente dia 14/09.

Retornando a discussão sobre “O Banquete” observou-se que Simpósio era tradição da nobreza. Platão apropria o evento, entretanto retira a comida, a bebida, as dançarinas, a música e foca nos textos.

Kennedy está revendo o pensamento de Platão. Ele descobriu atributos musicais na estrutura do texto de Platão. Muito interessante para observar a macro-estrutura. Ver o material dele no site citado na bibliografia e participar da palestra em outubro.

Para o próximo encontro, ver os textos de Kennedy no site.

Toda performance é em partes. Primeiro compreender a macro estrutura do texto. O insight vem com o primeiro contato com o material. Durante os ensaios surgem outros insights, depois se repensa a ordem.

Ainda sobre a bibliografia temos Zampronha que apresenta a macro estrutura do texto “O Banquete”.

Dentro da pesquisa universitária é importante ver teses, dissertações, artigos, e materiais em outras línguas também. O pesquisar tem que ir atrás do material e utilizar todos os recursos possíveis para encontrar fontes que se articulem com sua pesquisa.

O COMUT – permite o empréstimo de teses e dissertações entre bibliotecas.

Ir a bibliotecas.

Ver o banco de teses da CAPES. Mesmo que só tenha as informações deixa o direcionamento para pesquisar no banco de teses da universidade.

Observação: Muitas teses são cortadas para se adequarem aos modelos editoriais de livros. É melhor ver a tese que é o material próximo ao que vamos produzir.

Os sites: www.jstor.org e www.museu.jhu.edu só podem ser acessados pela rede da UnB.

Não se deve comprar livro sem saber sobre seu conteúdo e como ele é. Perceba se o livro é muito citado nas outras fontes que você tem contato. Veja trechos no Google books, e procure usados antes de comprar um novo. A pior citação é com “apud”, pois denuncia que você não teve a fonte original.

Segundo momento da aula.

Iniciou-se com a investigação de quais foram as primeiras impressões do texto antes de elaborarmos algo mais estruturado.

Júlia sentiu o texto chato e cansativo. Encaminhou-se a investigação sobre quais seriam os efeitos para levarem a essas percepções.

Identificou-se que a dinâmica ficou cansativa, pois não tem a quebra de argumentos. Parece uma peça, mas não é. As falas são muito longas e com perspectivas isoladas em relação ao tema. A chatice na leitura vem com a repetição na forma, mas em um espetáculo pode ser diferente.

Contudo, percebe-se que tudo parece igual, mas analisando minuciosamente percebe-se que não é. A estrutura é mostrada como se não tivesse mudanças, e elas realmente não são fáceis de visualizar. Temos uma analogia como o movimento pendular, se observado em nível microscópio percebe-se as diferenças.

Notou-se a repetição de uma mesma estratégia. Existe sucessão de blocos de falas e discursos variados, sobre um mesmo tema e a forma é sempre a mesma. Entretanto, como são variações apresentam, ainda que mínimas, algumas diferenças. Cada um fala de um tipo de amor, mas sempre da mesma forma e dentro do mesmo tema.

Vimos o significado de simpósio relacionado com a troca de discursos, uma competição.

Observou as diferenças entre a tradução de M.T.N. Schiappa de Azevedo; Edições 70 e ande D. Schüller; LP&M.

Sobre o primeiro, ressaltou-se que a tradução de Português de Portugal possui muitas correções, o texto está mais literário, menos falado, entretanto possui mais fluxo de leitura.

O segundo o texto é mais interrompido, ele tenta inventar algumas palavras, porém é mais falado.

Toda tradução é uma interpretação, é um processo criativo o que os tradutores fizeram com o texto, e agora nos vamos criar a partir do texto. Temos que selecionar quais materiais vamos extrair e o que utilizaremos do conteúdo.

Para o trabalho que realizaremos o mais importante é extrair o material para a cena. O problema pode ser a tradução. Exemplificou sobre os textos de Shakespeare que são traduzidos de forma muito erudita, enquanto na época as apresentações eram para todas as classes.

Retornando para “O Banquete”, notou-se que as primeiras falas estão numa estrutura em abismo, falam a partir do relato de outra pessoa.

Na sequência o texto vai buscar a verossimilhança para convencer o leitor da verdade na narrativa que será apresentada. O texto é um jogo entre verdade e mentira, em que se tem um relato de uma terceira pessoa sobre o que aconteceu.

Lembra telefone sem fio.

A forma de transmissão é oral, texto escrito registra comunicação verbal.

Na continuidade da aula, foram realizadas leituras paralelas das duas traduções citadas anteriormente e observações sobre cada momento.

A Primeira situação do texto é o estabelecimento de contato, que acontece com um encontro informal entre os personagens.

No momento atual deles, conversam sobre o que outra pessoa falou. Temos o exemplo de uma discussão citada, dialogam a partir da fala de outra pessoa. Essa cadeia de pessoas em convergência tem o intuito de atribuir veracidade aos acontecimentos que serão narrados. Pois, tentam resgatar que alguém estava presente no acontecimento, que existiu uma testemunha observadora que relatará com veracidade sobre o que sucedeu. Uma fonte segura para informa quem estava presente e o sobre o que discutiram. Pois, o texto terá mais credibilidade se tiver uma fonte confiável.

Segue-se o pensamento que não podemos reproduzir tudo, então temos que confiar em quem contou. Isso fortalece a narrativa e também tenta fortalecê-la como verídica. Ressaltou-se que a credibilidade da narração passa pela credibilidade do narrador.

Platão em “A Republica” aborda sobre a técnica de discussão defendendo o narrador central. Observarmos que desse modo facilitará a veracidade da narrativa.

Voltando as percepções do efeito de chatice vimos que o discurso também pode ter apresentado essa sensação por usar uma forma monologica disfarçada dialogicamente. Pois, para Platão só tem uma grande voz. Ele só quer o que é verdade, o certo, o correto. Ele apresenta os vários discursos como alegorias da busca da verdade.

Entretanto, notou-se também que o tempo todo ele brinca com a verdade e com a mentira. Platão cria contra ele mesmo, insiste tanto em uma verdade única que no final não é verdade, é crença.

No texto, “O banquete” apresenta algo nebuloso sobre o que aconteceu, são relatos que não estão no mesmo tempo dos primeiros personagens.

No fundo, o texto é um elogio a filosofia. Platão escreve para seu grupo, para seus discípulos que se espelham em Sócrates e riem com ele. Eles comungavam as idéias de Platão, se consideravam sempre certos e os outros estavam errados. Discutir o amor é uma defesa ao modo de vida deles.

Analisou-se que por mais dicotômico que Platão fosse, sempre separando o certo do errado, o sensível do inteligente, a peça é composta pelo sério e pelo o cômico e possui constantemente o jogo entre verdade e mentira. Enquanto no universo teatral essas são construções possíveis, com a mentira e a verdade, com o sério e o cômico.

Para Platão o teatro era pernicioso, só atingia as baixas emoções, era para as pessoas não pensarem. O teatro entorpecia o conhecimento, ver livro X de “A República”.

No texto “O banquete” existe um jogo de espelhos. Nome de pessoas que existiam foram utilizados no texto, mas não correspondiam com o real, eram teatralizados.

O uso de personalidades conhecidas relaciona-se ao cotidiano, que por sua vez é uma estratégia da comédia. Enquanto os blocos de falas são bem identificados e possuem a mesma estrutura da tragédia.

Platão usa essa técnica teatral porque era o recurso que tinha. Ele pretende produzir outro conteúdo, outra forma, mas possui a teatralidade e a relação com os dois gêneros.

O autor utiliza discursos unívocos, sempre buscando a vos única da verdade, e isso é sem amor, quem tem a voz acaba sozinho.

Um dos temas observados é o falso diálogo. Eles falam de amor, mas não tem amor.

Aristófanes com suas comedias desconstrói a idéia da verdade em Atenas. A guerra que todos os atenienses achavam que seria a solução para seus problemas, foi a sua destruição, acabou com Atenas. Aristófanes denunciou essa falsa idéia, ele criticava a guerra.

Focando novamente em “O Banquete”, toda primeira parte do texto é composta por um esforço para tornar a história crível. A duração do texto é a duração de uma caminhada. (173c LP&M). Enquanto resgatam o caminho de onde a narrativa veio, de outro tempo e espaço.

Elogiam a filosofia outra vez, prática apologética, discurso para elogiar a filosofia.

Sobre Apolodoro, percebeu-se que ele estudou a filosofia, mas não mudou porque ele não age comedidamente como deveriam ser os filósofos. Apolodoro é descrito como irritadiço. (173e, LP&M). Ele quer credibilidade, mas tem essas características de nervoso.

Curiosidade sobre Sócrates: ele era um dos mais feios da antiguidade, tão feio que virou proverbial. Era careca, de nariz adunco, mas muito amado.

Em 174 a- percebe-se que Agaton venceu sua primeira tragédia. E Sócrates é convidado e vai para casa dele, onde reunirá todos que se relacionam com as artes, os intelectuais.

Notou-se também no texto que Sócrates não gosta de multidões. Ele a associava a democracia, ao povo. Ele falava com pequenos grupos, e foi morto por acusações de quem era da democracia.

Demagogo: lidera o povo, fala em nome do povo, mas na verdade é em relação a ele próprio, a seus interesses.

Platão sempre cita Homero para criticar a base educativa. Ele compete com Homero pela liderança educativa, para ver quem vai dirigir a Grécia. Diziam que as tragédias eram migalhas de Homero, que o teatro é seu descendente. Fazia parte da elite citá-lo.

Platão zombava do conhecimento tradicional, toda “corja dos miméticos” Homero era pai dos mentirosos. Enquanto para os filósofos em vez de contar historias queriam ver o comportamento das pessoas e buscar a verdade.

Investigamos a passagem que Sócrates se anula fisicamente para pensar. (175b LP&M). Ele fica catatônico, ou ele anda ou ele pensa. Excepcionalidades de Sócrates: para de andar, e aparência ambivalente. Ele tinha um deus que falava com ele, e depois para a filosofia era sua consciência, em vários níveis.

Quando ele chega todos o esperavam. Ele sempre chegava atrasado, o evento não era o banquete, era Sócrates, ele é o bufão, por isso sai as flautistas e outros elementos de entretenimento. Ver- 175d LP&M. A comida fica em segundo plano com a chegada de Sócrates, e ele não come. Observar que eles comiam no tape.

Aparecem informações sobre o publico teatral de 30 mil pessoas. 176a LP&M, (pág. 29). Refletimos que a apresentação precisava ser intensa. A acústica dos teatros até hoje funciona muito bem. Os coturnos e as mascaras são helenistas, período adiante. As musicas eram com melodias conhecidas. Discurso sério e cômico era exagerado, sem imagens.

Metáforas de “O Banquete”:

O vinho passando nas taças. O Vinho era feito na hora, tinha que ser misturado com água. Para ficar bom tinha que ser bem misturado, e conseguir o ponto era uma arte, uma sabedoria. Assim a grande imagem de compartilhar, passar para o próximo a taça de vinho, compartilha a sabedoria.

Pág 31. Verso 176a LP&M. Agaton percebe a ironia na fala anterior de Sócrates. A ironia não é o que está escrito, é que ele desloca a atenção para si. O discurso tem um significado, mas a intenção é outra um elogio sempre com outro intuito.

Esse é um aspecto fundamental da disputa violenta, forte. A luta torna você vivo. Exemplifica com Meyerhold, que aspirava que suas peças fossem como boxe. A disputa cria à sensação que participamos de algo, instiga a idéia de competição.

Ainda em 176 a.- elegeu-se Dioniso como juiz da disputa dos discursos. O deus da bebida e do teatro. Ambivalência de Dioniso no teatro grego, ele tinha a energia corporal muito forte na luta, contudo, não é belo estético.

O ideal das elites, eu sou melhor, posso mais, eu faço mais. Associa a disputa de iniciados sempre. A formação das elites é competitiva. Observa-se a relação de competição entre pais e filhos. Um estilo de sobrevivência, o ideal de nobreza era que o bom e belo são os melhores. O ideal da elite ateniense era o masculino viril, não ser mulher, nem escravo.

Esses tópicos são estímulos para o trabalho que seguirá. Não foram explicações do texto.

Até a próxima aula.

Abraços,

Angélica.

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